sábado, 1 de novembro de 2008

Mito de Bandarra

Nascido na cidade beirã de Trancoso, pensa-se que terá vindo ao mundo por volta de 1500 e falecido próximo do ano de 1556, altura em que podemos encontrar registo da oferta da sua obra ao bispo da Guarda.
Este sapateiro de profissão, católico, fervoroso leitor da Bíblia, numa altura em que o comum dos mortais a ela não tinha acesso por não se encontrar traduzida, foi perseguido pela inquisição e proibido de continuar as suas leituras da Bíblia.No entanto, importa introduzir, para quem não se recorda, o verdadeiro motivo da importância histórica do Bandarra.
 Enquanto mito de raiz popular, apoiado na crença da vinda de um salvador capaz de resgatar o país da crise e de catapultá-lo para renovada grandeza, o sebastianismo gera-se antes mesmo do nascimento de D. Sebastião, com as trovas messiânicas, da 1º metade do séc. XVI, de Gonçalo Anes, de alcunha Bandarra. Estas trovas, escritas pelo sapateiro de Trancoso, constituíram uma autêntica bíblia do sebasteanismo. Com a catástrofe de Alcácer Quibir, a morte de D. Sebastião e a invasão espanhola, as trovas ganharam uma importância crescente e, num ápice, de condenadas ao esquecimento, passaram a bíblia nacional. Nelas encontravam os portugueses o que queriam realmente que acontecesse. Prometia-se a chegada do «bom rei encoberto», o predestinado que livraria Portugal da opressâo Castelhana e lhe daria prosperidade, riqueza felicidade.
Curioso é que o Bandarra, esse visionário, poderia ter escrito ontem as suas trovas, porque alguns portugueses continuam ainda à espera do salvador.

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